sexta-feira, 4 de setembro de 2015
A NOSSA SARDINHA E AS LAGOSTAS DA MAURITÂNIA
Todos os rapazes da minha idade e mais alguns bem mais
novos, se lembram de uma época em que os nossos barcos começaram a pescar
lagosta na Mauritânia. Foi uma festa ao longo de vários anos em que alguns
“Chicos” carregaram as embarcações, quanto podiam, e vinham fazer a sua venda
no nosso porto. Actuavam com licenças obtidas junto das entidades locais,
muitas vezes através de negociatas com gente local influente, que não tinham em
vista os interesses do seu país, antes procuraram satisfazer o seu interesse
pessoal. A faina foi continuando, primeiro trazendo as lagostas de maior
dimensão, até que acabou por chegarem, até nós, milhões de lagostas pouco
maiores que navalheiras. Esta estória foi continuando até ao dia em que se
concluiu que não valia a pena voltar dada a completa exaustão daquele stock de
marisco.
Esta narrativa tem a ver com o que se está a passar,
neste momento, entre nós, com a pesca da sardinha. Clama-se contra a interdição
de pesca excessiva tendo em vista, algumas vezes, apenas o interesse imediato,
esquecendo, umas vezes por ignorância, outras por questões de luta política,
que afinal se está, com esta intervenção, a preservar a continuação da espécie
que tanta importância tem para a economia da nossa terra, antes que aconteça o
que se passou na Mauritânia.
Outra coisa bem diferente será a continuidade da
existência da pesca do cerco nos moldes em que se continua a fazer. Na minha
ideia o que tem sido a prática até aqui não pode continuar, por questões de
rentabilidade das empresas e, também, por questão dos pescadores que nela
labutam, cujo rendimento cada vez vai sendo menor, já basta o facto de serem a
única classe que só ganha se pescar, e porque a política dos subsídios não vai
eternizar-se.
Esta época de crise provocou, no nosso país e em relação
a muitas indústrias, a necessidade de alterações de conduta e sistemas
produtivos, tendo em vista a chamada dar a volta por cima, que lhes
proporcionou o poderem continuar e, às vezes, melhorar a sua rentabilidade.
Continuo a defender a ideia de que a indústria da pesca da sardinha, tanto como
todas as outras, não é excepção.
Setembro/2015.
Etiquetas: Pesca
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